quinta-feira, março 28, 2002

Juda eu?


Bateu um homem, meia-idade, aqui no portão de casa e me pediu um litro de leite. Eu peguei um leite da caixa (aqui em casa compra-se uma caixa por vez) e fui entregar a ele. Quando ele pegou o leite e foi agradecer estava chorando. Chorando de verdade mesmo. Mal falava. Agradeceu e ficou dizendo: "-Que vergonha! Que vergonha pedir as coisas prosoutros! Ai, que vergonha...". Nisso ele estava apertando a minha num longo e forte cumprimento. Tentei amenizar as coisas dizendo: "-Que isso? Você está precisando, tá precisando". Ele me deu aquele Deus-lhe-pague, virou-se e se foi, chorando.

A minha vontade na hora foi de dar um murro no ar e gritar PORRA DE PAÍS, DE MUNDO CRUEL E INJUSTO! FODA-SE ESSE CAPITALISMO EXAGERADO!

Sei que ele estava chorando por vergonha mesmo, não era "graça" não.

O homem não aparentava ser um mendigo, mas alguém em extrema pobreza que já teve alguma coisa/emprego na vida e que agora estava passando por necessidades.

Após eu lhe dar o leite ele me disse que tem filhos e não quer que eles passem fome, e como não tem outra opção, pedi a ajuda das pessoas. Ele tinha muita cara de PAI. Ele não usa as crianças para esmolar por aí. Eu o valorizo e muito por isso!

Não vou ficar falando que o mundo está isso e aquilo, não precisa. Vocês sabem...

Vitor ouvindo Jovem Guarda - Rua Augusta

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Ao terminar de ler A Natureza da Mordida

Foi a mesma sensação de parar com o marcador página na mão após acabar um livro. Eu não sabia onde colocar meu sentimento após aquele final....