terça-feira, maio 28, 2002

Ontem... teve apresentação de flauta e mais toda a galera da escola de música em um colégio da aeronáutica de Guará. Foi muito boa. Todo o público (os alunos e sores) estava contente com a nossa apresentação, afinal, não estavam tendo aulas graças a nós... hehehehe Acho que foi nossa apresentação mais aplaudida e assoviada, teve alguns gritos também.

Na volta que houve algo interessante. Estava no busão, quase que no pára-brisa - eu pego o busão para Aparecida quase que no último ponto de guará, sempre lotado, fiquei lá na ala da terceira idade. Quando chego aqui na rodoviária de Aparecida, que é onde "todos" descem (menos eu), eu ainda me encontrava praticamente encostado no pára-brisa do ônibus, havia um pobre (sem preconceitos?) que deveria estar sem tomar um banho há algum tempo. Senti desprezo por ele quando entrei no buso. Não sei porque. Quando ele foi descer, eu vi que tinha umas muletas encostadas na "parede" ao seu lado, vi que ele era um deficiente físico e não um mendigo que havia conseguido uma corona do motorista. Na hora, sem pensar, por instinto, eu perguntei:

-Quer ajuda? - Ele respondeu:
-Desce as muletas aí para mim - Desci e as encostei do lado de fora do buso - e segura esse saco aqui.
-Tá.

Ele parecia ser um paraplégico, mas tinha uma das pernas, a qual se apoiava, dura e firme, parecia uma prótese. Ele desceu com muito esforço, eu o ajudei a "colocar" as muletas e dei o saco para ele. Ele agradeceu:

-Você sabe que já tem garantido um lugar para você. Deus lhe pague.

Entrei no buso novamente (tudo isso ocorreu na porta da frente do busão) (só eu o ajudei), pois não era meu ponto. Eu fiquei um bom tempo pensando, algumas horas até. Comecei a julgar meus pensamentos e minhas atitudes. Porque no primeiro impacto eu senti desprezo -[um pobre não banhado]- e no outro dever da ajuda -[um deficiente]-? Porque não pensei em ajudar ao pobre não banhado e não senti desprezo pelo deficiente? Porque não quis ajudar ao dois, ao invés de apenas ao deficiente? Refleti bastante e aprendi mais uma lição nessa coisa, a chamada vida.

Dentre tudo, eu penso que o que vale mais são meus atos e não os meus pensamentos. Adiantaria um mundo de apenas pensadores?

Acho que o meu bom ato compensou o meu mau pensamento. Sinto-me muito feliz pelo que fiz e decepcionado pelo que eu pensei.

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Ao terminar de ler A Natureza da Mordida

Foi a mesma sensação de parar com o marcador página na mão após acabar um livro. Eu não sabia onde colocar meu sentimento após aquele final....