domingo, agosto 26, 2007

Bandeja na mão do tempo

Cada hora peso em um lado
Cada lado vive em vez
Nessa vida desequilibrada

Vitor visto em partes
Cortes que eu não queria ter
Nessa vida tipo errada

Conto - será - com o que eu queria ser

No mundo, sua mão passeia em mim bandeja
O tempo, se pudesse, achava o centro
e fazia dele o meu pesar

No fundo, só passeia em mim deseja
E, se eu crescido houvesse,
menos seria esse provar


Conto será com o eu que eu queria ser?

No mundo, sua mão passeia em mim-bandeja
Atendendo o quês, que pesam em mim efêmeros
O tempo, só ele pode, achar o centro
e fazer dele o meu pesar

No fundo, só passeiam em mim desejos
de segundo em segundo desejo desejar
E, contudo, se eu-crescido houvesse,
menos seria esse meu infinito provar

terça-feira, agosto 21, 2007

usei tua foto, luisa morais

Para uma poesia usei tua foto
Se ousei ou não, a publiquei sobre meus versos
E já enviei o par aos meus amigos
Não peço que não fiques brava comigo
Só que carregues consigo
As palavras que digo

Tic Tac Tum. Tic Tac Tum.


Tic Tac, upload feito originalmente por luisa morais.

No relógio, fui ponteiro
Apontando todo segundo
Para os tristes pontos
do meu tempo

Tempo fui e não vi mais
o tempo passar
minha única atividade era apontar
e apontar e apontar

Era uma inútil tentativa
de apontar para o presente
constantemente só

Mas sem saber para quê
Só me sabendo como tal
e que um dia eu estaria
livre das horas de agora

sábado, agosto 18, 2007

Rainer Maria Rilke – Elegias de Duíno

Aba do livro de poesias:

Penetrar no universo poético das Elegias não é fácil, assim como viver também não é fácil – e é a existência humana em todas as suas implicações que elas transfiguram em imagens singulares. Rilke mesmo reconheceu o hermetismo destes poemas, e, se hoje é possível a sua exegese, nós o devemos a certas observações que fez em carta a seu tradutor polonês W. Hulewicz.

As Elegias se constroem a partir da consciência da separação ontológica e da fugacidade da existência. Num primeiro momento, a vida é sentida como uma impossibilidade, pois o desejo de posse a falseia a cada instante e a visão da morte a tolhe em todas as suas manifestações. Não podemos ser simplesmente, pois a nossa consciência transforma a vida numa floresta de signos que nos distraem e nos desviam de nosso destino. Entre os animais, que, ignorantes da morte e desprovidos de ambição, se sentem imersos no curso universal, e os anjos imortais e perfeitos, estamos colocados numa posição ambígua, vítimas da voracidade do tempo. O amor, que poderia fazer-nos transcender as nossas limitações, também se mescla do desejo de possuir o amado. Por isso, felizes são os que morrem crianças e as amantes abandonadas, que libertam seu amor do objeto amado e superam-se “como a flecha ultrapassa a corda, para ser no vôo mais do que ela mesma”.

Contudo, gradualmente se impõe ao poeta o valor da existência. É nossa missão eternizar as coisas, reduzir a vida das coisas ao espírito através da conscientização. E, afinal, vitorioso o espírito, é possível celebrar a morte e aceitá-la como um momento a mais do Ser universal.

segunda-feira, agosto 13, 2007

A um amigo

Havia uma folha que havia nascido presa em duas árvores. Essas duas árvores cresciam e ora a puxavam para seu lado. A folha gemia de dor. Era a fotossíntese dela mágica que dava vida as duas árvores. Mas, para poder chegar mais perto do sol, só poderia alimentar uma árvore. E teria que ser a certa, pois a outra não cresceria se não houvesse disputa. Escolheu a árvore certa, a outra morreu sem fotossíntese e assim a folha pôde dela se desligar. Transformar-se (escolher) doeu, mas ela sorria, pois sabia ir atrás do que era certo e do que lhe faria bem; chegar ao sol. Seu sonho. Ela nunca encostou no sol, nem poderia pois a infinitude do calor a queimaria e a transformaria em sol. Mas pôde sorrir no dia em que morreu e o acorde maior de uma brisa a arrastou para sempre.

quinta-feira, agosto 09, 2007

É tanto carinho...

Faço questão de comentar....
Lembro quando eu e a Ju, ao chegarmos a escola, no cursinho, já íamos te perguntar se tinham textos novos...
Adorávamos lê-los. Lembro um texto que você contava de ter pintado seus cabelos de vermelho... alguma coisa “dragão”, viu como lembro... (uahahah), tbm um outro texto que vc descreve com detalhes sua ida a cozinha de sua casa e menciona “pírula zul”(uahahah), eram textos que nos faziam rir, sorrir. O dom de dizer coisas simples, com palavras simples, resultando um texto sofisticado e prazeroso... Conversei com a Ju esses dias (que me falou do seu blog), e lembrei um dia que te perguntei (na cantina da escola) de que disciplina vc gostava mais, vc rapidamente respondeu: “gosto de tudo e não gosto de nada, tudo é lindo”. Que memória hein uahahahah...
E se me permite, emprestando seu texto... Depois de muitos anos, ao ler seu blog, vc não me fez contrair os músculos do rosto, mas repousá-los na alegria.
Fica com Deus.

Elisa Mathias

quarta-feira, agosto 01, 2007

Descobri que sorrir nunca foi contrair os músculos do rosto, mas repousá-los na alegria.

Ao terminar de ler A Natureza da Mordida

Foi a mesma sensação de parar com o marcador página na mão após acabar um livro. Eu não sabia onde colocar meu sentimento após aquele final....