domingo, novembro 11, 2007

Fomos à Paulista dois - por ela mesma

"Ele falou para irmos para outro lado do largo poste na calçada, pois batia um vento da noite e ali estaríamos mais protegidos enquanto o sinal de pedestres não abria. Eu fiz que somente iria me proteger do forte vento que enunciava uma forte futura chuva, mas me escondi atrás do poste, esperando ansiosa para que ele se escondesse também e assim, tranformasse comigo, aquele instante ingênuo, num jogo lúdico simples e grande. Para mim, tudo que é tão singelo, é sempre tudo tantas coisas ao mesmo tempo..todo instante é sempre uma grande potencialidade para o esquecimento ou para o acontecimento. As pequenas coisas são sempre tão repletas de grandes coisas.Ou subjulgamos sua pequenez e a tranformamos em ordinárias, ou a vemos como oportunidades para serem inesquecíveis, mágicas, dignas de toda sua inutilidade e simplicidade, só por serem como são. Eu sabia que se ele aceitasse o meu convite, ele seria meu cúmplice para que aquele momento não fosse apenas mais uma espera pelo sinal. E não foi...ele permitiu que eu fosse eu mesma. De escondida, fiquei curiosa, pois vi sumir espontaneamente aqueles olhinhos quase negros- que antes, acompanhados por um cachorro quente,fizeram-me perder a atenção pelas palavras e ganhar a minha atenção pela curiosidade de pensar se seria possível encontrar suas pupilas meio a seu infinito quase negro, ou se realmente era negro, ou quase, ou que outra sutil cor teria também...-enfim, não esperava que seu cavaleirismo compartilhasse de minhas pequenas loucuras, que a são não para mim, mas sempre aos olhos dos outros, e agradeço a Deus por nunca me intimidar por olhos que não são os meus. Continuamos fugindo um do outro, dando voltas pelo poste. Eu sempre me achei muito boa nessa brincadeira que pra mim não é de criança, é bem séria...rs...bem, pra mim é. Mas, na ansiedade de procurá-lo quando já tinha perdido as referências e totalmente atenta àquele instante, fui surpreendida: um susto! A adrenalina de ser pêga nesses "jogos de criança", que para mim não são,é sempre divertidamente emocionante. Acho que sou viciada em adrenalinas como essa, deve ser por isso que adoro brincar, deve ter uma explicação física também, além de um maravilhoso estado espiritual. No fundinho, estava com aquela birra de criança de ter sido pêga primeiro, mas acho que era porque eu não queria ir embora. Estava sendo uma noite de novidades pra mim: andar pela Paulista numa sexta à noite e comer um super cahorro-quente com salsicha de soja...eu tinha sugerido caminhar até a Ana Rosa, ou pelo menos até o Paraíso, só pra noite não terminar tão cedo na Consolação! Confesso ter pensado persuadi-lo ao máximo para que ele me acompanhasse no mesmo ônibus, mas nem foi necessário, ele me surpreendeu com toda sua ternura e delicadeza, e me acompanhou até em casa. Uma noite que começou de pijama e acabou de pijama também. Mas, entre a troca de um pijama e outro, foram caminhos diferentes. Caminhos preenchidos com muitas risadas, milhares de palavras e gestos de cuidado. Tropecei bastante (literalmente), mas não cai na mesmice.
Procurar um estado de felicidade e não de alegria, é uma busca pelos detalhes e não pelas euforias. Histeria é loucura, serenidade é paz de espírito. "Só sei que nada sei", mas sei que adorei ser a Moça de Chapeuzinho, e como disse, além de risadas e gestos, milhares de palavras, como agora"
por Ju(liana)

5 comentários:

Apenas eu... disse...

O que é um simples ser domado pelo coração?...

...É um ser completo, feliz, leal...!

Anônimo disse...

gente, que lindo, que romântico.
adorei.

Débora Antunes disse...

Vim lhe contar que resolvi aderir ao mundo dos blogs também, um pouco tarde, mas cá estou!
Ah, eu Débora (não a da fita, a do cursinho hehehe).
Beijos :)

Anônimo disse...

vitor ke hrs é o culto quarta e o adress
luissssss

Ju(liana) disse...

E agora, a moça de chapeuzinho anda de mãos dadas quando quiser pela Paulista, pela Pompéia, pela Raposo, pelas Perdizes...pelo mundo todo, acompanhada pelos seus olhinhos quase negros e seu sorriso involuntário.Os olhos dela já não fogem mais dos dele, e não tem vontade de ir embora quando o tempo pára ao olhá-los de perto, e quando ambos se fecham,nada mais existe,somente aqueles que começaram juntos a caminhar.

Ao terminar de ler A Natureza da Mordida

Foi a mesma sensação de parar com o marcador página na mão após acabar um livro. Eu não sabia onde colocar meu sentimento após aquele final....