terça-feira, fevereiro 12, 2008

Você se lembra?


Do you remember, upload feito originalmente por TomLA.

Eu olhei para essa imagem a tarde inteira - salvo que eu exagero às vezes. É linda! São lindos esses patins e me dão vontade de patinar novamente por aí. Desde que a cidade em que moro ficou gigante de repente, desde que me mudei para São Paulo, a minha vida sobre rodas ficou esquecida dos meus dias e só existente em lembranças e em vontades. Às vezes acontece de eu ver um patinador entre os carros. Um perigo, se diz! Uma alegria, vejo eu. Mas contudo não arrisco e não é essa a vontade que eu tenho. Eu patinava pela cidade no interior. É uma delícia fazer isso! Mas também patinava dentro de casa deslizando incontáveis manobras e combinações num cano firme de ferro feito sob medida. O meu corpo ia... Um impulso numa direção escolhida e lá ia ele! Magro, moleque, medindo até onde poderia ir sem que tivesse de dar outro impulso. Passeava com o cachorro a me puxar - isso foi raro. Escolhia ladeiras desertas de carros para descer e até pulava escadas. Era gostoso! Gostoso escolher se lançar e depois de lançado não ter mais volta. Meu corpo se mexia muito mais do que meus dedos num teclado. Ia de frente, de costas, de lado e de outro lado, pulando e girando e pulando girando, horário e ante-horário. A minha vontade agora é me mexer novamente. Uma vontade que se faz mais do que só vontade pois me põe em equilíbrio! Não era só equilibrar-me em pé sobre as rodas... Patinar era equilibrar a minha biologia, a minha vida. Está fazendo falta!

3 comentários:

Maria Ines disse...

adorei a comparacao do patinar com escrever... pq acho a mesma coisa! obrigada amigo pela linda letura!!

Apenas eu... disse...

Pois é...

Temos de patinar pelo mundo afora!

:P

Ju(liana) disse...

Quando vivemos o momento presente, simples coisas são capazes de nos trazer felicidade, ou quando fazemos isso, somos capazes de enxergá-las.
Nossa existência é complexa e não complicada. Nossos planos se tornam difíceis ou são abandonados porque nós adiamos sempre o primeiro passo, aquele que depende apenas do nosso sim, o que incluiu nossa vontade, nossa coragem e determinação.
Lamentamos porque não sentimos mais a adrenalina de ultrapassar nossos próprios limites, a sensação libertadora do risco e velocidade, o sentimento entusiástico de se perceber que somos mais humanos do que pensamos, de que podemos ser mais, pelo simples fato de termos rodinhas nos pés, e isso faz toda diferença.
Fiquei um dia entusiasmada com um largo sorriso só de visualizar os trajetos que meus olhinhos quase negros percorriam sobre 8 rodas(4 para cada pé, alinhadas numa reta). Acompanhada de um sentimento de risco e de "Ai, meu Deus! Esse menino é mais louco do que eu pensava!", outro sentimento vencia todo o receio por ele e sua segurança, um sentimento de orgulho e de "E, como eu gosto disso!"
Minhas palavras se resumiam a "Nossa!" a cada vez que ele me falava que já tinha pulado por aquelas escadas, que já tinha descido aquela longa íngrime ladeira, que já tinha pulado de cima daquele muro, que já tinha despistado alguns seguranças com suas rodinhas, que já tinha se estourado todo tentando fazer aquela manobra...e meus olhos brilhavam cada vez mais.
Dentro de mim apenas dizia: "Que máximo! Meu namorado anda de patins!"

Ao terminar de ler A Natureza da Mordida

Foi a mesma sensação de parar com o marcador página na mão após acabar um livro. Eu não sabia onde colocar meu sentimento após aquele final....