terça-feira, dezembro 27, 2011

Oscar Wilde e Hemingway

Em O Sol Também Se Levanta eu tive que chegar no final do Capítulo IV para encontrar uma frase da gozosa literatura:
Voltei-me. Sobre a mesa havia um copo vazio e outro pela metade, de brandy e soda. Levei os dois para a cozinha e esvaziei na pia o copo ainda pelo meio. Apaguei a lâmpada da sala de jantar. Sentei-me na cama, atirei longe os chinelos com um movimento dos pés e deitei-me. Era aquela Brett por quem eu havia chorado. E agora a via na imaginação, subindo a rua, entrando no automóvel, assim como a vira, na realidade; naturalmente, não tardei a sentir-me de novo como se estivesse no inferno. Durante o dia, nada é mais fácil do que mostrar que não se dá importância a nada, mas, à noite, é diferente.
É assim que Hemingway conclui um último acontecimento antes de ir para o capítulo V. Minha leitura anterior a esse título foi O Retrato de Dorian Gray, que, de tão recheado de frases gozosas, levei delícias para cama por quase duas primaveras. Eu fechava a encadernação após certas frases e não podia mais ler. Vou transcrever algumas aqui. Mexia fundo na alma, me faziam rir (às vezes de tão insuportáveis verdades), não dava para fazer outra coisa senão curtir o gozo. E assim foi. Até morrer Dorian e o livro acabar.
- É inteiramente monstruoso - disse por fim - o costume que têm as pessoas hoje em dia de falar mal dos outros às suas costas, afirmando coisas que são absoluta e completamente verdadeiras.
"Muito" é tão mau como uma refeição. "Mais que muito" é tão bom como um banquete.
A paixão romântica vive através da repetição, e esta transforma o desejo em arte. Além disso, quando se ama, é como se fosse a primeira e única vez. A diferença de objeto não altera a unidade da paixão. Pode apenas intensificá-la. Ao longo de nossa vida, não costumamos ter senão uma grande experiência. O segredo da vida consiste em repetí-la o maior número de vezes possível.
Se um homem encara a vida de um ponto de vista artístico, seu cérebro passa a ser seu coração.
As pessoas esbanjam aquilo que mais necessitam.

terça-feira, dezembro 06, 2011

Para a moça mais bonita na internet

Como pólos de imã
Nos atraímos na web
Para fazermos a manhã
Em que nossa solidão se quebre

domingo, dezembro 04, 2011

Diálogo de Dezembro 1

Diálogo na internet sobre ter estado no Sacra Rolha hoje
Ele: Éramos três homens na mesa e muitas mulheres nos assuntos, rs
Ela: rsrs... Ai ai, homens!! rs... Não se contentam com uma só! rsrs
Ele: Quando amadurecem caem da árvore das ilusões desses sabores e põe o chão nos pés.
Ela: rs... Pode ser que seja mais ou menos assim. Você se sente amadurecido? Ou amadurecendo? Ou ainda com orgulho de ser verdinho?

sábado, dezembro 03, 2011

Lidar com o poder é difícil. Por isso que a vida tenta preparar as pessoas. Mas nem sempre consegue... Ainda há um prazer sádico em se perder.

quinta-feira, dezembro 01, 2011

Minha escrita é uma árvore

Algumas vezes, para mim, me negar escrever é negar enxergar de forma madura uma situação. Não que minha escrita seja cunhada mais pelo cérebro do que pelo coração. Nem que meu coração seja menos maduro que meu cérebro - nesse caso é o contrário. Mas é algo como tirar muitas fotos em um passeio. Você vê realmente pouco do lugar onde está, preocupa-se com as fotos que está fazendo e isso é mais fácil do que aceitar estar ali. Preocupar-se com outra coisas para não estar ali de corpo e alma de fato. Não que minha escrita tenha muitas preocupações, claro... Outras vezes, escolhemos servir aos outros e não imergir totalmente no momento social, como que apoiados no pé atrás e iludidos na organização. Não que minha escrita seja feita com o pé atrás nem que sirva a você de alguma forma.

Escrita boa brota. Brotar é coisa de planta e água na natureza. Não quero que seja e não vejo minha escrita encaixada num sistema humano de causas e consequências circular e compreensível. Para mim isso é parede e minha escrita está mais num sistema biológico repleto de aleatoriedade e nuances, ganha ramos na paz incompreensível do objetivo único de ser escrita. Ela é uma árvore.

Ao terminar de ler A Natureza da Mordida

Foi a mesma sensação de parar com o marcador página na mão após acabar um livro. Eu não sabia onde colocar meu sentimento após aquele final....