sábado, janeiro 12, 2013

Não sei flutuar nas nuvens como você

Estou no seu apartamento sem conseguir sair. Primeiro culpei a preguiça, depois culpei a chuva e a seguir a combinação das duas coisas. Depois me vi a respirar. Coloquei música para tocar. Músicas com letras, as mais bonitas da cidade, que a gente canta junto e que nos mergulha, sem opção, nas emoções de quando somos. Aí me dei conta do porquê de não conseguir daqui sair. Não mudou muita coisa. É medo da saudade. Daqui a três dias você viaja para a Índia e eu, que ainda não sei flutuar nas nuvens como você, fico. Estou apegado ao seu apartamento como se pudesse me guardar dentro de ti. Coisa de homem, coisa de mulher, coisa do amor.

Disparo como pífano pelos cômodos. Regos com as lágrimas escondidas e inúteis do meu fundo as suas plantas. Arrumo sua cozinha como quem arruma idéias. Lavo os panos de prato na máquina, omo multiação, e ponho pra secar a quente na secadora. A tentativa de girar calor nesse pequeno frio verdinho do sábado. Me perco dentro do amor e tenho a certeza que me encontro dentro dele. O que é do um sem o outro? Do um sem o outro é só saudade sob medida para 15 dias hospedando a eternidade. Nem foi e já quero pra ontem a sua volta!

Amo. Ana. A vida me concede amar. Amo mesmo! Quando voltar direi que carolinei pelos dias que passaram...

Um comentário:

Sandra Di Célio disse...

Que intenso! Lindo demais!

Ao terminar de ler A Natureza da Mordida

Foi a mesma sensação de parar com o marcador página na mão após acabar um livro. Eu não sabia onde colocar meu sentimento após aquele final....