segunda-feira, dezembro 25, 2006

Em busca do verdadeiro presente e de quem agradecer

Presentes: pensava em presentes já fazia umas duas semanas. Ganhei presentes de aniversário, dei presentes de aniversário antes, recebi presentes de amigo secreto e agora estou no maior momento dos presentes: o Natal. O dia do maior presente.

Presentes são coisas que ganhamos. Um vestido, um brinquedo, um almoço... Um encontro. Quais são os grandes presentes? Tudo me leva a crer que os grandes presentes são os encontros e não os objetos. No amigo secreto do começo de dezembro desse ano, vi mais uma vez que os objetos são sempre uma desculpa para termos um tipo de encontro, uma reunião, uma festa, comemorar. O que vale mesmo é o momento em que estamos dando ou recebendo aquele presente, aquele dia, e o que pode tornar um presente maravilhoso, muito mais do que sua utilidade, é como ele é dado, de quem o recebemos, o que o presente é naquele momento, que significados tem, em que contexto está com aquelas pessoas que presenteiam e são presenteadas. O que está representado naquele ato (passado e presente) e o que aquele ato está a criar (futuro).

Então, os nossos grandes presentes são se encontrar. Mas isso ainda está vago demais no raciocínio, precisamos enxergar mais além. É aí que descobrimos que os melhores presentes é poder estar nessas situações, nesses encontros, que eles são possíveis para nós. Mas...

Porque eles são possíveis? Quem possibilita? Deus, claro; que é luz. Porém poder estar nesses momentos ainda parece vago, não é o grande presente, o maior presente só pode ser um, único, algo que faz o mundo acontecer. Concluo que o grande presente de todos - a humanidade perceberá - é a vida! Sim, a vida!

A vida de cada um é o maior presente que cada um pode receber. E quem nos dá é Deus. E Ele nos dá a vida de inúmeras maneiras. Nos dá a vida a todo momento. Nos deu quando mandou para cá o Salvador, Deus encarnado. E Cristo deu sua vida na cruz: para nós, por nós. Ele nos deu a vida mais uma vez. Nos dá a vida a todo momento.

Refletindo sobre os presentes, podemos entender que o grande presente é a vida. E, assim, pensamos em quem agradecer por essa dádiva maravilhosa. Nossos pais? Sim. Mas não importa a quem agradeceremos porque o último agradecimento que pode ser feito será a Deus.

Todos os agradecimentos levam a Deus. Todos os agradecimentos agradecem a vida e dão graças! E Ele nos deu a vida, nos abençoou com o poder existir.

Todos os filhos merecem ser gerados do amor, nascer do amor de um casal e lembremos que Deus é amor. Ele é o Amor. Viva! Todos os filhos merecem gerar novos filhos. Todos os filhos merecem uma família, a grande exemplo da Sagrada Família. Os exemplos são importantes. Deus nos dá a vida e nos mostra para onde caminhar, por onde caminhar, ilumina os caminhos e, assim, podemos fazer escolhas, podemos andar. Pois Ele é a luz que ilumina muito mais do que os objetos materiais que podemos pegar com a mão e chamar de presentes, ele ilumina a vida e nos mostra que a vida (objeto impalpável) está, no natal, mais do que nunca em nossas mãos. Eu agora ergo as minhas mãos para o céu e agradeço: Obrigado, Senhor! Pelo presente da vida! Por Cristo Luz e Salvador! Por merecer estar numa família imensamente boa! Por poder amar e ser amado! Obrigado.

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Sendo escrito

Hoje, o dia está sendo lindo demais. Parecia que começava agora a escrever mentalmente tudo o que estava acontecendo. Maravilhoso presente de Deus. Maravilhosa energia. E aí eu percebi que quem escrevia tudo aquilo era o mundo em mim.

E, no final dessas linhas, eu me lembrei que tinha alguém rezando por nós.

Minhas mãos

Minhas mãos não são para construir ou destruir muros, são para escrever neles. Tornando-os transparentes e transpassáveis. Sou um artista final.

domingo, dezembro 17, 2006

Atrás do navio

Já era tarde da noite em São Paulo e a rua estava deserta. Ele tinha parado e descido do carro. Estava muito confuso, apoiava-se no capo, olhava aquela parte da cidade que não tinha ninguém naquele momento. Não sabia o que fazia, o que havia feito, não sabia nada mais uma vez. Confuso. Ao longe na rua viu surgir um caminhão. E não era um caminhão qualquer. Era um caminhão carregando um navio no meio do asfalto. Um navio. Na cidade? Sem saber por que, entrou rápido no carro e seguiu o navio pelos bairros. Do alto, se via seu carro a seguir e seu carro era visivelmente aquela marcação que o navio faz na água. Aquela marcação que o navio deixa atrás mas nunca deixa pra trás. Traz sempre consigo. É impossível se livrar dela porque também é impossível parar de navegar. E não se navega sem que se deixe alguma marca na água no momento.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

4 de dezembro, 2006 – dia do meu aniversário

É segunda-feira. É fim de mais uma volta no ciclo, que recomeça agora no número 21. Está chovendo muito em São Paulo. O que muito me agrada nesse momento em que me deito no sofá, ao lado da janela, e vejo os quatro vidros grandes a receber 21 mil pingos d’água por minuto. Alguma coisa respinga em minha perna e me molha. Os vidros estão trincados por causa das obras do metro aqui no Butantã. Também respingam gotículas de vida a cada gota de lembrança que pinga no meu peito. Minha memória, desde que nasci, tem um vazamento que a cada dia vai encharcando o coração.

Parece estranhamente que quanto mais molhado de lembranças, mais leve ele ficou nesses dias bons que rechearam os meus 20 anos. Mas houve também dias ruins e o coração encharcado pesou mais de vinte toneladas.

Assim, vi as lembranças ora me empurrar para frente, ora me puxar para trás. O melhor de tudo é que Deus é bom e os dias ruins foram muito raros. É engraçado constatar que nesses dias raros pingaram mais as lembranças de sonhos ainda não realizados, vontades infantis, lembranças de futuros inventados que enxergara.

O melhor é sempre viver bem o momento presente, assim como, o presente do momento. Ter consciência de que o que está agora acontecendo será, no futuro, lembrança em dias que empurrarão para frente.

Ao terminar de ler A Natureza da Mordida

Foi a mesma sensação de parar com o marcador página na mão após acabar um livro. Eu não sabia onde colocar meu sentimento após aquele final....