terça-feira, novembro 27, 2018

Almoçando no restaurante do Kikuchi

Almoçando no restaurante do Kikuchi, sento ao lado de uma senhora bem japonesa, que aparenta uma surpreendente saúde, física e de espírito. Peço licença antes de dividir a mesa com ela. Educadamente, ela compartilha o espaço. Comemos em silêncio e ao final da refeição dela, pouco antes dela pedir licença para se retirar, ela elogia com ênfase a minha destreza em manipular os hashis (palitos que são os talheres do oriente). Senti-me incluído na comunidade oriental após essa aprovação expontânea! Foi quase um abraço. Comi minha comida e também comi um orgulho bom com pitadas de satisfação inesperada.

quinta-feira, novembro 22, 2018

Viajando pro Rio na madrugada

Viajando pro Rio na madrugada percebo como o passo orgânico de vir de ônibus me rende mais que o sintético de vir de avião. Ou ao menos, me rende esse pensamento. Nas partidas de rodoviária me pulsam as artérias de conhecer gente e papear. Já conheci humanos nacionais e internacionais, todos sem o dispensável sorriso de pompa, que eu também não tive. Certa vez até passei uma das viagens beijando uma vizinha de poltrona cativante nesse mesmo trajeto São Paulo para Rio de Janeiro que fiz hoje. Essa noite vindo pro Rio foi a vez de um sincronismo diferente. Conheci a carioca L., que me fez tentar descobrir seu nome em tentativas que duraram o passar por 15 cidades (e não te entregarei assim de graça). Coisa típica de colegial que ela era. Por acaso, tinha no bolso o chocolate favorito de L., com o qual a presenteei e ela alegriou simples. Menina educada que era, dividiu comigo. Quando andei até o final do ônibus para pegar copos de água lacrados para nós, peguei três não sabendo o porquê. A vizinha do outro lado, que integrava uma família ocupando uma porção de 4 poltronas próximas no veículo, me perguntou onde tinha água e se era de graça. Ganhou de mim o terceiro copo, essa que era a mãe da criança única da família ali presente. Papo vai e vem com L. entramos no assunto músicas entre uma risada e outra. A danada puxa de dentro dela a vontade de uma música da Bethania e roda a música em mim. Mas quem roda na hora de ouvir sou eu, a gravação ficou parada. Tanto que música de celular não roda mais como vinil ou k7. A música resumiu uma série de sentimentos que vivi nos últimos meses. Cutucou-me a alma de modo a me revelar emocional e chorei! O estômago absorveu bem a experiência de toda da viagem até aquele momento. Mais algumas músicas foram compartilhadas mas já estava toda a grandeza da vida parada e estampada na vela do veleiro dessa experiência e nele meu corpo já repousava nutrido do intenso néctar do existir, pacificado e calmo. Dentro de mim tudo girando e parado vou adormecendo enquanto o ônibus me leva pelo mapa da minha história rumo ao mar. Rumo a amar a vida sem necessidade de braço em remos ou costas fortalecidas, só um deleito no vento, naturalidade de folha responsiva a estação do ano. Ascendi em sono.

quarta-feira, novembro 07, 2018

Madalena suas cicatrizes de não-cristo, que pecado se cura com anti-fel

Abra a porta da música que aí não fica apertado o coração. Salve, amigo! Dilemas são o cardápio do desempregado. Samba, gira uma-banda que o morro que se quer é o de subir e não o de partir. Afina esse violão, põe a corda que falta e brilha-blém. Madalena suas cicatrizes de não-cristo, que pecado se cura com anti-fel. Samba pelas ondas batidas que carregam seu espírito com a experiência oceânica de uma baleia velha de músicas repetidas! Músicas repetidas sabem o caminho, são sábias como avós e jovens como primas pós-graduadas e solteiras. Ouve as músicas, são sons de si, e samba-lhe a alma! Samba-lhe a alma!

Ao terminar de ler A Natureza da Mordida

Foi a mesma sensação de parar com o marcador página na mão após acabar um livro. Eu não sabia onde colocar meu sentimento após aquele final....