Estava ansioso aquele garoto do interior. Não conseguira dormir direito na noite do dia vinte e oito de janeiro. O radio relógio toca, era dia vinte e nove, o grande dia havia chegado, o dia da volta as aulas. Passara muito tempo de suas férias sem fazer nada, diferente de suas outras férias onde sempre viajou e quase nuca ficava em casa. Levantou-se as seis da manhã, tirou o antigo uniforme da gaveta com um ar de alegria, se arrumou e foi para porta de sua casa onde esperou pelo escolar. Na noite anterior já havia preparado de tudo, comprara um fichário e aproveitara o material do ano anterior. Chega a escolar, um carro novo dessa vez. De tão novo ainda estava com os plásticos em sues bancos. Senta-se no banco da frente ao lado do motorista. De relance olha para o lugar onde se coloca o rádio, não há rádio nenhum e ele gostou disso. No ano anterior ouvira na ida e na volta do colégio músicas desconfortáveis para ele, mas não para maioria dos ocupantes do escolar. Detestava pagode, sertanejo e axé, mas foi obrigado a ouvir e decorar contra sua vontade tais músicas que lhe ardiam os nervos. Quando se flagrava cantando uma delas seu ódio surgia contra si próprio. Ao chegar na escola, logo na porta, estão seus velhos e queridos colegas. Fora muito bem recebido por eles e ficou muito feliz ao revê-los. A escola havia mudado um pouco, colocaram catracas e aumentou-se surpreendentemente o número de alunos, de oitocentos fora para mil e quatrocentos, quase o dobro. O que lhe agradou nisso foram que não precisaria mais responder chamadas durante as aulas, as catracas marcavam as presenças e que havia muito mais garotas do que garotos na escola. Quem sabe tivera alguma chance com alguma garota. Virgem de boca, sempre sonhava com o dia em encontraria sua menina. Entrando na sala foi logo se sentar junto aos colegas conhecidos, formara um grupinho muito falante, esse grupo separa-se do resto da sala que ainda não estavam enturmados, eram novos alunos. Chegou um professor conhecido de simpático tio seu. Professor JB, como o próprio mencionara. Perguntou a ele o seu nome, assim como fizera com todos ali presentes. Ele disse apenas Vitor, mas o JB o reconheceu e já disse: "Vitor Nunes?". Seu simpático tio se chamava Adriano Nunes, JB arriscou Vitor Nunes e acertou. Chegaram mais professores, todos conhecidos que já deram-lhe aulas no primeiro ano colegial. Agora no segundo, conhecera um novo professor além do JB, Luis, o professor de gramática. Adorou amavelmente o professor, pois gostava muito de português e sua professora do primeiro ano fora muito ruim, não havia aproveitado o primeiro gramatical. Luis deu a última aula, e no primeiro dia de aula do segundo ano colegial de Vitor ele resolvera já passar matéria. O sinal bateu e muitos não copiaram a matéria do quadro negro, as apostilas não haviam chegado ainda, mas ele não saíra da sala ao tocar do sinal, ficara copiando o que o professor passou no quadro. Foi uns dos últimos a sair da sala, outras pessoas também simpatizaram com o novo e competente professor e copiaram a matéria, mesmo sendo no primeiro dia de aula. A maioria revoltada não o fez. Voltou para casa, contou como fora o seu dia na escola, almoçou e depois foi escrever em seu blog o acontecimento. Escrevera de um forma em que nunca havia escrito antes, assim como lera nos livros.
Vitor ouvindo A Chuva
terça-feira, janeiro 29, 2002
Vinte e nove de janeiro
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