Formatura do terceiro ano
Todos o adoram. Ele é engraçado, seus pais são legais, é orador da turma, toca violão, dá conselhos... E aqui estou eu. Reles aluninho comum a ouvir sua voz ditando as palavras que eu, aluninho comum, escrevi, mas nem crédito tive. Talvez por ser como sou. Gostaram do texto e pegaram a folha, mas ninguém não está nem aí para quem escreveu porque fui eu. Só têm olhos para o queridinho. Não é ciúme, é inveja! Eu nem quero sair de onde estou, mas quero reclamar, pois sou rabugento aos 17 anos. Oh! Ele parou de falar e começaram a aplaudir, mas não terminou ainda. Está passando mal. Interrompeu. Está no chão e cheio de gente o rodeando como sempre. Está morto. Tinha doença grave e sabia que a vida seria curta. Por isso aproveitava ao máximo e amava as pessoas como se não houvesse amanhã. Belo conselho do vocalista viado do Legião Urbana seguindo como ninguém por aquele cara legal.
Pronto, ele que animava todas as nossas festas acabou com a nossa última. Levou a alegria da turma com ele. Ou será que ele era nossa alegria? Ria de algumas piadas dele, mas sempre estou com espírito que estou agora. Nesse clima. Será que deveria seguir como ele o conselho do queima rosca? Não. Estou acomodado, um pouco incomodado, confesso. Mas não o suficiente para ter alguma atitude de mudança.
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