O silêncio. Cheguei bem perto, olhos-nos-olhos, meu queixo quase roçava seu nariz. Havia um resto de barba. Tremia. Funguei forte, tão forte como nunca ninguém jamais fungou. Escarrei-lhe na cara. Pensava em bater. Podia fazer melhor, escarrei-lhe. O cuspe se misturou com lágrimas, lágrimas que não valiam nada. Nada.
Saí disposto a dar todo o meu salário à primeira prostituta que encontrasse no caminho, mas, ao sorrir, aquela primeira quase me deu mais nojo do que a minha mulher. A segunda, também não. Outra, não. Encontrei uma gordinha sentada na mureta do calçadão, vendo o mar. Cigarro, copo plástico vazio. Sem olhar, boa noite. Sem responder, sentei-me. Já ia amanhecer. Do céu se viam dois pontos mudos na areia. Estranhos dividindo a noite. Por uma hora na mesma posição.
Dois mil e cinco subiu no horizonte, revelando toda a sujeira que havia na nossa praia. Rolhas de plástico, garraffas quebradas. E as sombras eram maiores do que a realidade. Sujeira humana. Contribuí com um último cattarro. A gordinha, com ciggarro. Mais um ano começado. Como sempre, outro pecado.
Um comentário:
Oi Vitor!
Gostei do texto. Aceito o papel de ator do seu curta. rsrsrsrsrsrs Mas pelo menos me leva nas filmagens para conhecer as atrizes...
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