segunda-feira, julho 04, 2011

Diálogo com amigo do Rio

Foi saindo da missa em Ipanema num domingo quando que visitei o Rio. Um morador de rua veio nos pedir dinheiro e o meu amigo sabia o nome dele... Mandei um e-mail ao amigo:

Gostaria muito de comentar com você uma cena que vai para sempre ressoar dentro de mim.
Quando estava com Mafalda e encontramos você no Rio, foi muito forte para mim aquele momento com o morador de rua. Eu estava morrendo de medo de tudo por estar andando pelo Rio à noite, tinha sido abordado no ponto de ônibus da rodoviária e tinha toda a crença terrorista da mídia ativa em mim. Aí, você simplesmente sabia o nome das pessoas. Não havia o abismo que geralmente há. Aquilo ali me tocou profundamente. E lembrei que em uma época eu dei mais atenção aos mais humildes, mas isso não perdurou tanto quando eu gostaria - cabe reconstruir isso. No seu gesto no fim da missa sem saber você me deu Cristo de um jeito como é raro receber. Obrigado!

Ao que ele respondeu:

Querido Vitor,
Eu tb quando cheguei no Rio sentia-me assim. Não se culpe, somos condicionados a isso. No caso daquele morador de rua, ele até poderia fazer alguma coisa, mas temos que dar um voto de confiança -- com prudência, claro. Acho que o nome das pessoas é algo muito forte mesmo. Costumo saber o nome das pessoas em qualquer situação. Por mais que eu seja, as vezes, esquecido. Mas em casos como estes eu raramente esqueço, por serem pessoas que comumente ficam no anonimato. Estas eu costumo me lembrar com facilidade. Não se trata de tratar pessoas como iguais, simplesmente, pois seria -- em minha opnião -- "mentira"; cabe sim, tratá-las como o que são: pessoas humanas (pleunasmo?).
Como vc eu gostaria também de fazer algo mais para os mais humildes. Mas dar de si para outros, sem distinção, também pode ser uma grande fonte de evangelização. Mas isto é mais complexo....e sobre isto ainda tenho a vida inteira e a eterna pela frente, pra rezar e responder quando vir face-a-face.

Um comentário:

Sandra Di Célio disse...

Combinação sonora das palavras enquanto lia "cabe reconstruir isso", me fez pensar:
-Vos cabe reconstruir?
-Sim 'cab'!
^^

Ao terminar de ler A Natureza da Mordida

Foi a mesma sensação de parar com o marcador página na mão após acabar um livro. Eu não sabia onde colocar meu sentimento após aquele final....