segunda-feira, dezembro 30, 2002

29/dezembro/2002

Dormira muito feliz aquele garoto de 17 anos do interior de São Paulo. Estava em êxtase de ansiedade. Pronto para ir a Ubatuba "virar o ano" com sua amada, namorada. Dormindo com um grande sorriso estampado no rosto e muito atento... O relógio fora cuidadosamente programado para despertar às sete horas. O encontro com seu amor para seguirem juntos ao litoral marcado para as oito horas. Mas antes que o objeto soasse, exatamente as quinze para as sete, o telefone tocara. Com seu sono sempre profundo enfraquecido pela espera do alarme do relógio acordara ao terceiro toque do aparelho. Escutara sua mãe abrir a porta do quarto que era em frente ao seu e ir atender ao telefonema com muita pressa. Logo lhe viera a mente que sua donzela estaria ligando para acorda-lo para se preparar com calma e presenteá-lo com um delicioso "bom-dia" e também talvez um: "Vamos sair mais cedo".

Tomou um susto!: "Está bem, tá bom. Estou indo praí, tô indo praí" as palavras ditas por sua mãe ao telefone. Logo pensou no que poderia ser: Seu avô, doente, estava passando mal. O Pai ligara para pedir socorro à esposa. O primeiro encontro com sua mãe confirmou sua hipótese. Era seu pai desesperadamente ao telefone. Apenas dissera com grande dificuldade por causa do desespero e repetidamente: "Meu pai. Meu pai. Meu pai..." Dizia três vezes e mergulhava no choro novamente. Sua mãe saiu o mais rápido possível para a casa de seu avô onde seu pai passara a noite cuidando do querido Maninho, como fora sempre chamado.

Pensara no pior o feliz garoto. Vitor era o nome dele. Mas logo seus pensamentos negativos foram cobertos por sua esperança desfazendo sua cara susto entornando-a para a expressão sonolenta de quando acordara. Entrara no chuveiro começando a se arrumar para viajar. O Reveillon dos Sonhos.

Com a água banhando seu corpo magrizel ele ouve o telefone tocar. Voltam os pensamentos negativos e agora com uma grande, mas não absoluta, certeza - a esperança existe até a confirmação concreta.

Deixa a ducha de lado e corre ao chamado do som estridente do telefone. A confirmação. Seu avô Maninho, Belmiro Bustamante, falecera. E fora incumbido por sua mãe à árdua tarefa de acordar seu irmão, Caio, de treze anos, e notificar o pequeno do ocorrido. Também avisara sua parceira sobre o acontecido e cancelara a viajem ao litoral.




Não dá mais para escrever Estou bem. Vou corrigir (se conseguir) e dormir, estou muito cansado.
Boa Noite, dê um beijo em cada um que ama.
Vitor

PS: Não esqueça de dizer: "Eu te amo".

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Ao terminar de ler A Natureza da Mordida

Foi a mesma sensação de parar com o marcador página na mão após acabar um livro. Eu não sabia onde colocar meu sentimento após aquele final....