E eu tinha raiva!
Já percebeu o sentimento que lhe toma quando aprende algo que você já sabia, mas as pessoas sentadas ao seu lado não? Elas se animam com o fato e você não pode fazer nenhum comentário, pois o palestrante disse ainda um tanto a mais do que você já sabia? Falar daquilo só demonstrará uma forma pessoal de descrever o mesmo fato? - o que não acrescenta, além da sua "forma de dizer", nada ao ouvinte -. Eu era tomado por uma raiva-frustração todas as vezes que isso acontecia. Sentimento que já me fez lembrar com detalhes de determinadas ocasiões anos depois.
Junto às aulas de história sobre a ditadura vieram as músicas da época - E como eu gosto das músicas dessa época! Salve Julinho da Adelaide! - À sala foi apresentada É Proibido Proibir (ambiente de festival) do Caetano e eu já havia tido essa aula há alguns 2 anos antes dessa, através do meu pai por iniciativa única minha. Ninguém na minha sala, pelo o que eu pude perceber, sabia dessa história marco na música do Brasil; os mais prováveis demonstraram desconhecimento do assunto, o que gerou o bem-vindo interesse. Logicamente gostei da aula, mas ouvi tudo o que eu já sabia; um pouco mais, é verdade, mas muito pouco. Não entendia o que na minha psique causava o sentimento de raiva-frustração - não a raiva e a frustração, separadas e ambas presentes, mas eram os dois juntos, fruto de uma fusão, um único sentimento -. Talvez, queria eu, ter contado a história para os meus amigos? Era isso? Não, pensei que sim, mas não era isso.
Depois de uma auto-análise, processo pelo qual se evidencia os elementos e os princípios fundamentais do pensamento abandonando o corpo por ora, olhando-se do espaço em órbita de você mesmo, eu descobri qual era a real causa. O que eu queria na verdade era que os sentados ao meu lado soubessem que eu tinha tal conhecimento, queria reconhecimento pelo gostar daquilo, da vontade que eu tinha, e ainda tenho, de entender todas as aquelas músicas e como eram vistas/interpretadas por todas os diferentes grupos da população em que cada um tem o seu modo político de pensar. Era como se o meu conhecimento perdesse totalmente o seu valor, pois se o tinha ou não, a partir daquela aula todos teríamos. Teria sido completamente inútil tê-lo tempos antes, já que ficou guardado. Era isso que acontecia!
Hoje, antes da tentativa de ir dormir às 5:00 da manhã que falhou pela vontade de escrever esse texto, lendo a revista da MTV de novembro, vi algo que eu já sabia. Julinho da Adelaide, já citado a cima, era um pseudônimo do Chico Buarque para burlar a censura que lhe era imposta; chegou até a dar uma entrevista numa rádio com ele. E foi isso que me fez sair do meu corpo, gerou a auto-análise. O sentimento de raiva-frustração veio. "Quantas pessoas que eu conheço lêem a revista MTV?" Mas ele bateu lá no fundo do meu cérebro caracterizado em uma escrita igual quando se coloca a hora como proteção de tela do computador e ficou girando dentro da minha cabeça. Veio também o desenho do logotipo da vivo represento o meu lado infantil, o Vitor infantil; e eu, que sou o Vitor que vos fala agora, vamos me chamar de Vitor Consciente, estava de fora, organizaria o conteúdo cerebral a acabaria me surpreendendo com a percepção daquele meu lado um tanto quanto mimado. Tentei organizar tudo definitivamente, me mostrando que a raiva-frustração era besteira minha, foi bom ter os conhecimentos antes deles serem ensinados na escola, isso não é algo ruim, você escuta o assunto com uma opinião já formada e debate-lo só o faz enriquecer e, também, talvez mudar totalmente a opinião que já tinha ou apenas lapida-la. Entretanto o Vitor logotipo da vivo pode aparecer com espontaneidade algumas vezes ainda. Porém, sempre que ele aparecer, o Vitor que vos fala surgirá em seguida o vencendo todas as vezes, gerando assim, mais a frente, uma maturidade no total ser da minha pessoa que implica no falecimento do Vitor logotipo da vivo. Maturidade essa, vinda com grande atraso, sendo que tenho hoje 18 anos.
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