A maioria dos comentários que eu ouvi em relação a dividir um filme em capítulos foi de que o estão "quebrando" para atingir objetivos interesseiros. Eu não vejo assim.
Cada vez mais vivemos em um habitat de mensagens instantâneas. Múltiplas informações trafegam até nós todos os dias (e vão embora), a todo momento em quase qualquer atividade que fazemos. O resultado acaba sendo que não exercitamos a nossa capacidade de memorizar. Pausa para pequena aula sobre memorização:
"Aprender implica mudar fisicamente o nosso cérebro. A grosso modo, no momento em que tomamos contato com uma informação, produzimos uma reação cerebral que alguns cientistas classificam como 'memória curta'. Sinapses (ligações entre neurônios) que já existiam são ativadas, mas isso não fica gravado automaticamente. Quando 'salvamos' os dados em nossa caixola, além dessa ativação inicial, são produzidas proteínas e novas sinapses, responsáveis pela 'memória longa'.No meu círculo social, a maioria das pessoas que assiste a um filme na TV o está vendo pela segunda vez. Geralmente, DVD ou Cinema já apresentaram a história. A TV reforça. Estando dentro de casa em horário nobre, na sala, no meio da janta, da conversa, do estar junto, do descansar... Fomenta assuntos na família. Dependendo da família, o filme é realmente comentado, a história analisada, lembramos de fulaninho não sei da onde que teve a mesma coisa do personagem, histórias parecidas, descobrimos opiniões diferentes etc. Sem preconceitos e com gratidão, isso acontece muito mais se há pelo menos uma mulher compondo a cena. Vocês adoram falar e adoramos vocês! ;-)
Se retomamos a memória, ou seja, se lembramos, essas sinapses aumentam e se consolidam. Experimentos mostram que se, por outro lado, deixamos de retornar essa informação, as sinapses diminuem, mas ainda ficam em maior número do que eram antes. Isso indica que uma vez você aprendeu verdadeiramente algo, o seu cérebro sofreu uma mudança física a longo prazo. A descrição desse processo de cognição rendeu ao cientista Eric Kandel o prêmio Nobel de Medicina de 2000". Em "A internet está deixando você burro?" Revista Galileu, agosto de 2010, nº 229
Passar um filme em quatro partes mantém o assunto, estimula o aumento e consolidação das sinapses relacionadas a ele, o episódio de hoje nos faz relembrar de memória o que aconteceu no de ontem. Possibilita também que o assunto/mensagem trazida pelo audio-visual seja aprofundado e visto sob as condições de um novo dia. Porém, como são apenas 4 episódio a habilidade não cai num maquinal automatizado que já engendramos bem na prática de assistir uma novela. Um filme é bem diferente, tem muito mais singularidade.
Em se tratando de Televisão, a caixa mágica (ou quadro mágico hoje em dia) colocada num cômodo da casa que todo mundo fica olhando, dividir um filme em mini-série é um bom negócio.
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