sábado, fevereiro 02, 2002

Seu mundo era apenas umas casa. E não uma casa inteira, apenas o quintal e alguns cômodos. Saíra de seu mundo apenas algumas vezes, mas não se lembrara disso, pois seu cérebro animal não guardava esses momentos raros, talvez apagara por causa da infelicidade de viver em seu mundo pequenino. Ele era vez odiado, vez adorado, não sabia o porque disso. Todo dia acordava quando a dona da casa abria a porta da varanda, onde ficava sua casa e onde ele dormia. Só bebia água e comia sua ração, mas uma vez por dia, que era a melhor hora alimentícia do dia, ele ganhava um biscoito. Nossa como ele adorava este biscoito. Quando demoravam a dar-lhe, ficava perto do armário que guardava a guloseima com o rabo abanando e sua face de "tadinho". Na maioria das vezes funcionava, o ruim para ele era quando tentava isso pela segunda vez no dia. Era retirado da cozinha aos berros e empurrões. Não podia comer mais de um biscoito por dia, pois tivera uma doença, que quase o matou, que não permitia comer à-vontade, o biscoito que era muito forte para ele, se comera a terrível doença poderia voltar. Essa doença causo-lhe uma sequela terrível. Sua cabeça ficava pulando, no ritmo de sua pulsação. Terrível. Todos sentiam dó/pena ao ver sua cabeça pulsando daquela forma. Às vezes a sequela ia embora, que era quando ele corria, agitava e brincava. Com o tempo diminuiu um pouco, mas parou e não diminuiu mais. Toda vez em que ficava deitado, descansando, se podia ver o triste "soluço" eterno em sua pequena cabeça.

Quando os donos da casa saiam era uma solidão sem fim para ele, não via hora deles voltarem. E quando voltavam era uma alegria só. Corria, pulava, chorava para que abrissem aporta. Seus donos brincavam e faziam carinho nele. Ele se sentia o máximo com tudo isso. A atenção era toda voltada para ele, e mais ninguém. Ele também adorava ficar em frente da casa tomando sol e gritando com cada um que passasse por ali. Às vezes seus donos gritavam, competindo com próprio grito do animal, para que ele ficasse quieto, mas nunca adiantava. Os donos o colocavam num cantinho da sala onde passara grande parte de sua vida, ali ele não gritava, não pulava e não atrapalhava ninguém. Às vezes soltava um pum e donos planejavam um banho achando que era ele que estava "cheiroso", mas só planejam. Se não tivessem uma ordem vinda diretamente de uns dos chefes da casa eles não o faziam. Gostava de música também, não se sabe como, mas gostava. Sempre em que o menino Vitor tocara piano, que ficava na sala, ele ia de onde estivesse para o seu cantinho na sala. Não se sabia como tal criatura poderia gostar de música.



Agora é só isso que me vem à cabeça. Vou dar o seu biscoito diário e brincar e fazer carinho com ele. Devo-lhe mais atenção.



Vitor ouvindo Os Pardais - Nós causamos o strees do interior

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Ao terminar de ler A Natureza da Mordida

Foi a mesma sensação de parar com o marcador página na mão após acabar um livro. Eu não sabia onde colocar meu sentimento após aquele final....