Poema pro meu amigo Chaplim
Tinha um garoto, com cara de menino, que não parava de sorrir aquele sorriso engraçado.
Mas o que mais deixava perplexas as pessoas, era seu olhar que se perdia, profundo, mesmo diante daquela barba desfeita, o aspecto externamente descuidado.
Dentre seus dons a capacidade de simplesmente ver o mundo, sem vícios e vicissitudes que a banalização do olhar constantemente nos é imposta.
Essa garoto me fez chorar quando disse seu sim, sem saber o que estava assinando… Aquele acordo englobava milhões de almas. Ou será que ele sabia?
Mudam-se pessoas, o tempo, a vida, e a gente escolhe, antes de tudo, um Deus pra louvar, um amor pra amar e se delicia simplesmente por poder, desta festa, participar.
E assim, forró, samba, o que me importa?
Tanto pra mim, quanto pro garoto-Chaplim só resta a sensação de estar, mais que tudo, vivendo.
Aprendendo com os erros, mergulhando em crises aparentemente sem fim, mas tudo pra que a gente se dê conta, que nem tudo é tão complexo assim.
Pois tanto eu, quanto o meu amigo Chaplim, pudemos perceber que o amor, quer dizer, o Amor, é o único fim.
Fim em si, finalidade.
E mesmo que o tempo passe e adquirimos responsabilidades, decorrentes da nossa idade.
Podemos nos dar conta, de que é possível olhar o mundo, chorar com música bonita, fazer poesia.
Sem vergonha de manifestar, essa nossa tão efêmera sensibilidade.
Poesia em homenagem ao meu grande amigo Vitor Bustamante que ontem, 04/12, completou mais uma primavera.
terça-feira, janeiro 08, 2008
O Valter Hugo Muniz link, grande amigo, me deu um belo presente de aniversário mês passado. Fez um poema e me chamou de Chaplim. Fez um poema e falou do Amor como único fim. Fez um poema para falar de mim e me deixou assim a rimar sem fim tudo com im. A primeira sílaba do infinito, a palavra que diz do que nunca termina. Assim, sem fim, seja a nossa gratidão, Valter. Que nossos sentimentos estejam sempre recheados dela. Assim estou.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Ao terminar de ler A Natureza da Mordida
Foi a mesma sensação de parar com o marcador página na mão após acabar um livro. Eu não sabia onde colocar meu sentimento após aquele final....
-
Tratando um pouco sobre o sobrenome que mais me sobressai Há um mês e seis dias atrás, o lucas amigo da incrível foto aí, deu uma comunidade...
-
Fato é que eu sou de Aparecida do Norte. Terra de Nossa Senhora Aparecida. Meus amigos sabem disso. Uma amiga, sabendo que eu ia para lá no ...
Um comentário:
Era uma vez um menino, uma menina, um chapéu e um Senhor...
Tinha uma menina de grandes olhos verdes que um dia resolveu sair de casa com um chapeuzinho. As aventuras que viveria no caminho, a sua ingenuidade e incredulidade desconheciam.
Ela apenas sabia que de nada sabia e de nada queria saber, queria apenas sem saber o porquê dar um passeio pela floresta de concreto.
No meio do seu caminho tinha um menino de lindos olhinhos quase negros e de alma dourada. A menina não sabia ainda o porquê, mas ela se sentia segura em passear pelos caminhos de concreto na companhia do menino e adorava ouvir e falar de muitas histórias. O que ela mais gostava, além dos olhinhos dele, era participar de suas risadas e ver como ele ria dela. Acho que ele disse uma vez que a menina era uma palhaça linda.
O menino de olhinhos quase negros e alma de ouro tinha uma misteriosa profundidade que encantava a menina, mas a menina ainda não queria entender nem saber de nada. A menina só sabia que ele não era deste mundo, ela imaginava consigo que ele devia ser um ser encantado, uma mistura lúdica de “cavaleiro medieval” com “Don Juan”. Mas o que ela mais gostava de imaginar é que ele podia ser também um anjo tão iluminado que Deus resolveu mandá-lo pra cá pra levar um pouquinho de luz para as outras pessoas, ou melhor, era um anjo muito apaixonado por tudo e seu amor era tanto que ele acabou ficando pesado de amor e caiu do céu pra terra. E pra ela, como ele devia ser um ser meio anjo meio encantado, ele não teria se machucado com a queda.
Mesmo sem querer, a menina adorava imaginar como seria um dia andar de mãos dadas com o menino pelo caminho, mas ela tinha medo de pensar, e nem sabia o que pensava também o menino.
O menino tinha passos leves - por isso, ela achava que ele não era daqui- e via o mundo de um jeito diferente dos outros garotos que ela já tinha encontrado pela floresta. Ele tinha uma inocência madura; de seus lábios saiam palavras com aroma de baunilha e durante suas risadas apareciam bolinhas de sabão. A menina ficava cada vez mais inebriada, não conseguia acreditar em tudo o que acontecia, mas também não resistia a nada dessas coisas mágicas e inacreditáveis que aconteciam a sua frente. Ela era também muito curiosa. O que mais a impressionava era ver como um raio de sol aparecia no seu sorriso cada vez que ele resolvia sorrir pra ela.
Ele apreciava cada detalhe singelo do caminho e falava deste mundo com uma beleza e propriedade que ela desconhecia, ele via pelo caminho o que era simples e bonito, sempre suspirando mais profundamente quando falava do seu amor pelo seu Deus. Isso foi o que fez a menina querer suspirar também.
Havia um segredo que o menino não sabia, e ela havia se esquecido ou querido esquecer deste segredo também. Certo dia, em meio lágrimas de sal, a menina chorou a seu Deus imensas gotas de orvalho e quase se afogando nas próprias lágrimas, se entregou mais uma vez inteiramente a Ele, confiando-lhe todos seus tesouros e segredos mais profundos. A menina pediu colo ao seu Senhor, e Ele a abrigou carinhosamente, preenchendo cada buraquinho mal curado de seu coraçãozinho de cristal, e ela sabia que por ser de cristal, só não havia quebrado ainda porque seu Deus cuidava dele com muito zelo. Uma vez, seu Deus disse que a menina era para ele uma jóia rara e que queria que ela deixasse que ele cuidasse dela cada vez mais de pertinho. Mesmo com receio, pois essa menina era muito ressabiada, ela resolveu dar com toda sinceridade o seu bem mais precioso ao seu Senhor: ela entregou todo seu amor a Ele e pediu que Ele o guardasse, pois como a conhecia melhor do que ninguém, Ele poderia entregar todo esse amor a quem ele escolhesse. Ela confiou no seu Senhor.
A menina desde então, ficava sempre ansiosa, na expectativa de ver para quem seu Senhor entregaria seu tesouro. Ela tinha muito medo também, porque toda vez que ela por si mesma tentou entregar seu bem mais precioso e sincero para alguém, seu tesouro fora trocado, perdido ou esquecido. Ela depois, tinha que tentar achá-lo de novo, às vezes, jogado debaixo de qualquer tapete velho ou numa poça d’água. Isso sempre a entristecia muito e seu sorriso se apagava.
Este era seu segredo, mas ela não queria que o menino de olhinhos quase negros soubesse também e ela nem sabia o porquê.
Uma vez, durante um de seus passeios com o menino pela floresta de concreto, ele perguntou se ela andava sempre com os braços cruzados e ela sem entender respondeu que sim, mas com um tom de “o que é que tem demais nisso?”. De repente o menino a surpreendeu com um doce beijo, e naquele momento ela escutou fogos de artifício, viu margaridas no campo, sentiu cheiro de torta de morangos, brisa de verão, viu bolhas de sabão no sol, escutou um quarteto de cordas, sentiu seus pés saírem do chão e conseguiu até pegar uma estrela no céu. Ela não tinha idéia de que o menino podia fazê-la viver todas essas coisas num instante só e que ele tinha tantos presentes assim guardados pra ela.
No começo ela não entendia que seu tesouro já estava com ele, ela tinha medo de perceber que seu Deus tinha cumprido Sua promessa. Ela tinha medo do menino dar a volta ao mundo com suas mãos entrelaçadas às mãos dela e depois abandonar seu tesouro num cantinho qualquer no meio do caminho, ou trocá-lo por um outro belo par de olhos grandes.
Ela pediu ao seu Senhor que a fosse guiando e mostrasse se era mesmo o menino de olhinhos quase negros que Ele tinha escolhido para dar seu presente. A menina ficou feliz quando viu que era o menino que tinha ganhado seu tesouro.
A cada novo passo pelo caminho, a menina tinha cada vez mais certeza que o seu Senhor tinha tanto amor por ela que ele resolveu presenteá-la com um de seus anjos mais belos. Seu Senhor disse-lhe uma vez, que na verdade não havia sido uma escolha só Dele, mas que o anjinho escolhido era também um presente de sua Mãe, pois ele desde pequenino tinha sido criado por ela dentro de sua própria casa, e por isso era pra ela cuidar muito bem dele também, porque sua Mãe tinha um carinho muito especial por ele. Por um segundo, a menina ficou com medo de tanta responsabilidade, mas sentiu-se forte o bastante para poder cuidar deste presente tenro e raro.
Na verdade, o menino tinha sido enviado pra cá, não porque estava pesado de amor e levou um tombo do céu, mas para resgatar a menina de seus próprios medos, ensiná-la a amar de verdade e conduzi-la junto dele até o seu Senhor. Ele tinha a missão de começar por secar sua lagoa de lágrimas e plantar um jardim de tulipas amarelas no lugar.
Tiveram momentos que a menina pensou que seu menino poderia não gostar tanto do seu tesouro assim, por ser simples demais e não ser feito de jóias preciosas e detalhes raros, daqueles que só se encontram no centro da terra. Mas o que podia ela fazer? Não tinha como mudar seu tesouro e ela receava entregá-lo totalmente a quem depois poderia se encantar por outros tesouros próximos do dela.
Sem saber porque mas sabendo um pouco, ela confiou na escolha de seu Senhor e quis tentar ver como o menino ficaria com o tesouro dela. O que ela não esperava é que o menino queria muito cuidar dela e de seu tesouro, e prometeu respeitá-la imensamente, que o Senhor que era nosso iria nos acompanhar sempre de pertinho, cuidando de tudo.
O menino era um anjo cavaleiro. Toda vez que ele queria fazer-lhe elogios sinceros e meigos, ele parava o tempo e fazia surgir atrás da menina um arco-íris imenso que cruzava o céu de ponta a ponta, para que ela se sentisse especial. E ela, muito esperta, prestava atenção em cada detalhe.
Era uma vez, um menino que deu seu sim ao seu Senhor e que sonhava com um amor maior.
Era uma vez, uma menina que deu sim ao seu Senhor e que respondeu sim ao seu menino.
Era uma vez, um menino e uma menina que começaram a andar de mãos dadas...
Postar um comentário