domingo, fevereiro 27, 2005
Capítulo 5
Aquela sexta-feira seria um dia a lavrar fundo uma página da vida do nosso jovem rapaz. Iria ao cinema com três amigas. A Luana, a Dani e mais a garota que havia lhe telefonado acertando o passeio. Barbeou-se, pôs roupas mais novas. Camiseta regata, bermuda e nada de tênis com meias nos pés. Fazia um dia muito quente. Era começo de fevereiro. Suar transformaria o banho caprichado numa inutilidade. O cinema ficava dentro de um parque da cidade. Um lugar agradável, muito aberto; porém, pouco freqüentado. Assim que chegou, de longe, pôde avistar a moça do telefone sentada sob a sombra, em uma espécie de varanda, onde ficavam as mesas de uma lanchonete. Ela tinha cabelos cacheados, escuros e compridos. Usava óculos e agora, como reparava Vitor ao se aproximar, estava mais bonita do que antes. A pele do rosto havia se limpado das espinhas da adolescência e ela estava ganhando um ar de mulher madura. Algo que agradou muito o nosso jovem. Desde o sentido mais carinhoso de agradar, ternura; ao mais safado. Ela estudara com o Vitor durante todo o colegial e mais um ano no cursinho. Logo, se conheciam há 4 anos. A moça tentava a difícil aprovação para a faculdade de medicina, mas era inteligente e certamente conseguiria seguir por esse caminho se se empenhasse. Os dois se gostavam bastante. Talvez, o ponto principal daquela relação fosse ela elogiar bastante os textos do Vitor. Como adorava escrever esse rapaz! E ela sempre lhe dava o maior apoio, comentava quando algo não ficava bom, pedia mais coisas para ler, o fazia escrever. Podia-se defini-la como a principal incentivadora desse lado artístico no nosso herói. A Dani e a Luana não chegariam a tempo para o filme, Os Incríveis, conversou com ele a menina com ar de mulher. “É?”, interpretou curioso o nosso quase homem. Iriam ver aquela sessão sozinhos. Talvez as duas chegassem depois do filme, para a segunda sessão, para um outro filme; mas, até lá, estariam os dois sozinhos. Pediram meia entrada cada um, três reais no interior, e entraram na sala. Sentando na última fila, não aleatoriamente, estavam em poltronas de namorados.
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