quinta-feira, junho 13, 2002

Uma Namorada?

Eu fico pensando se quero ou não uma namora. Vejo o povo com namorada e povo sem namorada. O povo com namorada têm beijos, abraços e presentes (pelo menos hoje tem presente; dia dos namorados...); o povo sem namorada fica olhando o povo com namorada, fica sem presente, sem beijos e abraços. Talvez com inveja, talvez não.

O momento que eu mais penso, mais reflito sobre a minha vidinha humana de uma forma em que eu não sou um humano, sou apenas uma análise é na volta do busão, eu já faço o caminho automaticamente, nem tem mais o que reparar na rua. Estava pensando sobre eu ter uma namorada algum dia, sobre eu fazer sexo algum dia, se teria algum filho. Lembrei-me que antigamente eu queria tudo isso e que hoje não sei bem se quero ou não. Muitos dos meus amigos "ficam", eu não sou muito o ficar não. Eu acho na verdade o "ficar" meio vulgar, sei lá (não sei se vulgar seria o adjetivo correto). Vou contar uma história verídica que presencie em uma excursão uns dias atrás (resumidamente):

Meu amigo Zé estava sentado na última fila de banco da condução e minha amiga Maria na segunda. Maria vai até Zé e eles ficam. No outro dia os são novamente os mesmos amigos de sempre, se mudou algo entre os dois eles não aceitaram, talvez ficaram amigos mais íntimos, mas fazem tudo para voltarem ao "normal". Meu amigo Zé é considerado por grande parte das meninas do colegio o mais bonito da escola, pelo menos da sala dele, que também é minha sala, é. Eu tenho uma grande amizade com o Zé, talvez o cara mais sabe sobre minha vida amorosa e depressiva seja ele. O Zé, em comentário ao ocorrido com Maria, me diz: "Ela não beija muito bem não". Faço uma pausa e penso: "Porque que raios ele me disse aquilo? Porque "espalharia" que ela beija mais, ou beija menos? E... O que isso tem a ver? Para que ele disse isso?". Ele não estava espalhando, estava comentando comigo que sou seu confidente e ele o meu. Mas depois venho saber que ele falou para mais uma pessoa e porque não para mais umas pessoas? Acho que em menos de uma semana depois ele já estava ficando com outra menina.

Agora eu pergunto: "Cadê o sentimento, o romance, o afeto nisso?". Não há. Não tem como acha-lo. Mas o que isso tem a ver com o título? Agora acho que nada mais, mas já fugi do assunto mesmo e vou ver se no final volto ao tema-título.

Talvez seja por isso que até hoje eu só tenha ficado com uma garota. Quer saber como foi? Dou-lhe um breve resumo:
Dormi no quarto dela durante uma semana mais ou menos, e houve uma atração meio que instintiva -[seria a tentação?]-. Não fizemos sexo, mas quase. Foi melhor não ter feito mesmo. Quando fui embora de sua casa fiquei pensando nela e "blá-blá-blá", mas nada de paixão de verdade. Nem havíamos nos paquerado antes, eu disse que foi uma coisa instintiva. Acho que é da espécie humana mesmo, a natureza do homem, a reprodução.

Por isso que agora eu queria ser neutro, nem homem, nem mulher, nem gay e nem nada. Apenas queria não ter esse desejo que foi posto em mim sem permissão. Queria não querer fazer sexo, não querer me masturbar, não ter desejos quando olhasse uma mulher. Queria ser neutro. Será que eu tenho alguma tendência a ser ermitão? (viajando de novo) Pensei nisso, até me imaginei um ermitão no meio do nada e com um micro conectado a internet. Seria ermitão, mas não ermitão virtual, talvez um ermitão nerd. E escreveria a maior serie-documentário sobre a raça humana e no último livro da série me criticaria profunda e impiedosamente e mataria quando acabasse. Talvez esse seja agora me projeto de vida; talvez não! É esse no momento.

Já que esse post ficou bem viajado e supergrande vou aproveitar o dia dos namorados e contar o meu primeiro encontro (resumidamente).
Liguei para ela e marcamos. Sugeri um restaurante no centro de sua cidade, minha cidade vizinha. Coloquei meu sapatinho chique, uma camisa também chique, estava com dinheiro para pagar sua conta e a minha, e até comprei um presente, um CD que ela queria. Fui lá tudo arrumadinho, no mais perfeito padrão estético social e com o presente na mão. Cheguei primeiro, me sentei numa mesa no melhor lugar do restaurante, coloquei o presente em cima da mesa, e iniciei o esperar. Os funcionários do local e quem lá estava, perceberam obviamente que eu estava esperando alguém. Esperei uma hora e pouco e nada, fiquei me achando o fracassado; marcando o primeiro encontro, aos dezesseis anos de idade e ela me... Ignorando - digamos assim. Minha auto-estima sumiu durante um tempo. Acho que disso deve ter vindo à outra crise de depressão, a qual me levou a terceira tentativa de suicídio. Daí em diante havia concluído erradamente: "Sou feio, magrelo, não sei xavecar e nunca vou conseguir nada com mulheres!".
Percebi que estava errado quando fiquei pela primeira vez uns poucos meses depois. Tem loca que tem coragem de beijar um cara como eu. Sim meu primeiro beijo foi com dezesseis anos.

Puta merda! Será que estou me fazendo de coitado? Não era é esse o objetivo. Vejam pelo outro lado. Vejam como fui... Patético.

Agora eu não quero uma namorada? Ou disse isso porque tenho inveja de quem tem uma? Eu tenho vontade, meu corpo pedi, mas eu queria mesmo é ser neutro para não ter esse problema.

Mas acho que se fosse apenas para suprir essa necessidade do corpo eu teria ficado com alguém, sei que não é difícil arrumar uma "menina fácil" por aí. Só que tem esses malditos conceitos meus de querer ter algum sentimento e de que dure ao menos algum tempo.

Sei que ninguém leu isso, ou apenas alguns, mas eu queria aliviar um pouco minha cabeça desses pensamentos os escrevendo. Sei também que não fui muito claro, escrevi com sono.

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Ao terminar de ler A Natureza da Mordida

Foi a mesma sensação de parar com o marcador página na mão após acabar um livro. Eu não sabia onde colocar meu sentimento após aquele final....