sábado, julho 24, 2004

VITOR NUNES BUSTAMANTE REIS

Esse sou eu; 18 anos, classe média baixa, pré-vestibulando desinteressado, agora de férias, sem computador, desanimado, escrevendo, ouvindo música, de madrugada. E o mais importante: pensa que é escritor de quilate considerável. Talvez uns dos piores problemas de quem escreve seja a desconcentração do quê se está dizendo e como o está dizendo. Essa, causada pela preocupação da repercussão que aquelas palavras poderão gerar.


Isso é totalmente prejudicial ao trabalho e humor do escritor e não é algo fácil de se livrar -- mesmo apesar de agora eu ter conseguido fácil, tornando a tormenta o assunto; e, ainda assim, agora mesmo eu pensei: "nossa, vou postar isso depois que o computador vier do conserto" e já comecei a imaginar futuros e a sumir do presente que eu estava relatando. Começa-se a pensar se irão comentar sobre essas palavras ou qualquer outra coisa... Agora mesmo eu estou pensando no que pensarão as pessoas que estarão lendo essa prosa madrugada.


Acreditam que eu, mesmo com o munitor no conserto, estou ouvindo as minhas mp3 no computador? Bolei um jeito de quando o ligar fazer só uns comandos no teclado para abrir o winamp e começar a tocar as músicas; coloquei a banda Fresno como primeira da lista. Vinha deixado as mp3 dessa em quarentena fazia já algum tempo, ou melhor, já estavam entrando na quinta quarentena consecutiva. Às vezes eu me esqueço que eu gosto tanto assim de umas bandas que realmente são fodas na minha opinião. Fresno, para mim, é a banda de melhor interpretação de músicas sentimentais que eu já conheci, por mais desafinada que sejam essas gravações, é difícil outras músicas que passem tanta alma quanto essas.


Já melhorei um pouco da que podemos chamar de "crise de o quê os leitores pensarão/acharão/comentarão sobre o que é escrito". Realmente vinha me preocupando com isso desde que vinha recebendo, ou "tinha recebido" elogios aos meus post/textos. Vejo hoje que eu não estava preparado para eles e que já era para estar, saber enxergar as coisas sem pensar se eu estarei recebendo atenção, preocupação, estarão gostando de mim e olhem só: quem recebe tudo é o Vitor que se é enxergado através das suas escritas, ou seja, há a pessoa Vitor e há as coisas que ele escreve... Tem gente que gosta mesmo de coisas que eu escrevo, mas nem me conhece, não sabem que por trás das mãos escritoras tem uma alma que erra muito (e feio) ainda com coisas que já eram para terem sido aprendidas, que não está em paz porque não estuda, porque não está namorando ou bem no quesito sentimento, uma alma que anda querendo muito algumas sessões no psicólogo; um corpo que não recebe uma atividade física, que é mais do que necessária; alguém que podia se cuidar melhor e umas das coisas que mais me afligem: a relação social, a influência da presença de outros que domina certas ações tomadas por mim (já estou pensando de novo no que estará pensando quem vai ler isso, essa preocupação não me deixa em paz), meu comportamento com as pessoas que vejo na rua. Quando saio um pouco do meu corpo e me olho de fora, vejo que eu não gosto nada de quem eu sou em sociedade, são muito raras as vezes que eu gosto. Teve um dia na escola que foi foda de bom (porque também poderia ter sido foda de ruim). Estava muito animado, perguntando nas aulas perguntas que valessem a pena, tinha mostrado textos meus para as meninas que sempre pedem mais um para ler e elas tinham me elogiado...


PÁRA! NOVAMENTE ME DESVIEI DA CONVERSA COM VOCÊS E OLHEM O QUÊ AGORA EU IMAGINEI: Imaginei alguém pegando essa folha de papel batida a máquina num futuro onde eu serei um escritor de sucesso, de alto nível e que esse alguém que descobrira essa folha lesse-a falando: "nossa, o Vitor era foda mesmo -- vira e meche ele fala de coisas que eu já tinha pensado, tinham passado pela a minha cabeça, mas eu nunca tinha falado delas". Eu queria poder bloquear certas idéias (idiotas?) de chegarem ao meu pensamento, sabe? E_vitar que isso me ocorresse e poder continuar normalmente na linha de pensamento que vinha seguindo. Irrito-me porque eu fico pensando que todo mundo é como eu, é sempre assim: você não é diferente, você é igual a mim até que se prove o contrário, tem as mesmas aflições, as mesmas doideras, os mesmos monstros...


Hoje enquanto eu me masturbava fiquei imaginando uma fada sensual, carinhosa, meiga professora de sexo entrando pela minha janela e transando comigo, mostrando como se agrada fisicamente uma mulher, sempre me olhando e mostrando "assim que é bom", tudo como seu eu estivesse fazendo sexo pela primeira vez. "Olha como é bom assim", e me botava dentro dela, no que eu respondia, "Nossa é muito bom mesmo", ela: "agora segura meus seios, chupe-os"; "assim, isso". Agora que vem o ponto que eu quero chegar: Aí, do nada me vem em mente pêlos. Pronto! Imagino um (sem a mínima vontade de tal) um peito peludo de homem. Como eu queria ter evitado aquilo ter vindo na minha cabeça. Faço o máximo para desviar esse novo pensamento que está se formando batalhando com o meu cérebro, forçando outra imagem... (retornar a fada) E logo vem: uma preocupação idiota de ser gay ou algo assim (foi contra os meus instintos aquilo ter se passado na minha cabeça, veio por nóias minhas). Depois eu penso (as nóias): será que eu fiquei preocupado em não pensar naquilo, fiquei preocupado com o que as pessoas iriam achar se eu pensasse aquilo, que me achariam gay e foi por tentar evitar o pensamento que eu o acabei pensando? Sendo que essas pessoas na verdade são vários Vitors que me habitam e esse que agora fala, morre de vergonha deles. Pareço enlouquecer pensando assim, mas eu acredito nisso (nesses Vitors).


Já foi bom ter falado tudo, mesmo que essa folha nunca venha a ser lida. Botar conflitos no papel com a escrita sempre ajudou os seres humanos na melhora do humor e na aproximação da paz. Até respiro melhor, vejam só, uma prova. O segundo passo é ler toda a confusão posta no papel e ver que você escreveu um texto que só você entende mas que isso lhe basta, bem... Boa noites, Vitors de quem eu tenho vergonha.


Saibam: desisti de ler agora, tentei mas não é hora, deixa as águas do pensamento se renovarem no rio do raciocínio porque essas estão um pouco paradas no momento. Sinto que, com essa metáfora escrita a cima, eu esteja melhorando... É um bom sinal. Na minha opinião, no meu gosto, artisticamente, o que eu gosto nos meus textos quando os leio muito tempo depois, quando eu não lembro de nada que ali está escrito, são nas metáforas que eu acho um possível poeta em mim.


Uma paz está se aproximando agora. Respiração só melhora, quase acho gosto no ar inalado. O que estava em minha mente quando eu tentei ler o já escrito acabou de voltar: é: como é ruim ler algo que você acabou de escrever, não dá para ter uma noção segura se ficou bom, e isso é ter conseguido dizer o que queria com clareza para si mesmo, ter melhorado os pensamentos quando postos numa linguagem de comunicação geral; mais fácil de entender lendo do que pensando neles na confusão dos neurônios. Por falar em confusão, acho que eu acabei de criar uma agora na frase anterior.


Último "bem..", seus Vitors: Boa noite, já está me cansando um pouco tudo isso. Amanhã, quando esquecer um tanto o assunto, eu releio e será como se todos os Vitors o estivessem lendo, ok? Até.

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Ao terminar de ler A Natureza da Mordida

Foi a mesma sensação de parar com o marcador página na mão após acabar um livro. Eu não sabia onde colocar meu sentimento após aquele final....