Quando vou e volto do cursinho, eu cruzo a linha do trem. Minha casa e a escola que ficam em cidades diferentes, são para baixo da linha; já os pontos e o caminho que o ônibus faz, para cima da linha. Tenho o estranho hábito de quando piso no primeiro trilho dos dois que eu vou cruzar, olhar se está vindo trem ou não. Desconfiando do trabalho do pobre funcionário que é o responsável por abaixar a cancela e fechar o caminho dos carros; assim sinalizando para os pedestres surdos ou distraídos (aqui me refiro a mim) que não são capazes de ouvir um TREM chegando. Não sei por que eu olho. Quando virar a cabeça para os lados numa dessas ocasiões, só vai servir para carimbar a testa na locomotiva se ela estiver chegando. Talvez um dia eu dê uma sorte de quando ver, de cima da linha, o trem assustador, ele esteja a uns cinco metros de distância; o que me daria tempo mínimo suficiente para saltar para o futuro. Lógico que “saltar para o futuro”; se eu não salto, cadê o meu futuro?
Acho que o motivo mais provável dessa minha olhadela mínima seja a minha mãe: “Olha sempre se está vindo trem, menino!”. Esse “menino”, que era eu na época, toda vez que ouvia a frase de toma cuidado que a mãe soltava, falava consigo mesmo: “Para ver se dá tempo de pegar uma moeda de 1 centavo e transforma-la numa de 1 real pondo-a na linha com trem passando por cima?”. Mas nunca pronunciei tais palavras e nem fiz tal experimento, quem sabe qualquer dia? Dá para escanear um antes e depois para vocês.
Outras vezes nem olho para atravessar a linha. É quando estou de patins em certa velocidade e me sinto muito bem pulando a ferrovia no meu “salto radical”.
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