quinta-feira, abril 29, 2004

Segredos Vitorianos do Misterioso Carnaval de 2004

Eu sou um bosta com as mulheres. Dei carona para Ela até onde a vã com o pessoal nos pegaria para irmos pular o carnaval numa cidade interiorana. Esperamos pouco e falamos o tanto que deu. Como fomos os últimos, ficamos nos piores lugares, na frente, longe da galera, junto ao motorista - piores se observados num primeiro golpe de vista, porque, olhando por um pouco mais de tempo, acabamos percebendo que aqueles lugares não poderiam ser melhores para o belo casal; pensando no jovem Vitor: a oportunidade de ouro.

Pulamos todos o carnaval, não houve olhares entre eu e Ela, aliás, as visões de algum relâmpago romance (que é o que mais temos nos dias de hoje, ainda mais no carnaval) vinham e saíam do meu imaginário como os raios que vêm a terra e voltam para suas nuvens antes que possamos tirar uma foto. Fiquei muito do tempo que passamos naquela cidade com o meu amigo Daniel. E como é ótimo conversar com bom e grandioso amigo! Nos projeta à leitura do clássico livro da nossa vida. Voltamos (eu e ele) antes Dela para a vã e sentamos na frente. Iríamos nós, agora, ao lado do motorista e Ela com a galera. Por sermos humanos e sociais, não esperamos calados os outros voltarem para partimos. Temos hoje dezoito anos e a vontade de saber das categorias de carteira de motorista está mais viva e forte do que em qualquer outra possível época. Carteira da categoria A é para motos, B para carros de passeio, C para transporte em veículos de médio porte onde não são transportadas nem cargas perigosas e nem animais bípedes que raciocinam. A categoria D possibilita as negativas e positivas da C e a na E você pode dirigir grandes veículos articulados como o nosso amarante motorista já dirigira em profissão. Fora motorista do corpo de bombeiros. Claro que eu "viajei" um pouco na hora da conversa e não tenho certeza sobre toda essa informação que estou dando - não há conversa que eu não me distraia por alguns segundos ou minutos.

Quando Ela chegou para ir embora e abriu a nossa porta para pegar a sua bolsa, foi perguntado se Ela gostaria de voltar aonde veio: comigo. Ela quis! Mais uma vez o Daniel se provou um amigo verdadeiro, deixando-a ir ao meu lado instantaneamente. Mas até mesmo o mais filho-da-puta de todos os rapazes dificilmente não cederia a um pedido daquela moça. Na sala de aula "todo mundo" algum dia fora apaixonado por Ela. E Ela tem, além de tudo o que normalmente balança as cabeças da hormônica juventude masculina, cintura - sobrevivente ao estrago estético causado pelas novas calças jeans como diriam os estudiosos de moda que se metem a estudiosos do desenvolver do corpo feminino.

Nunca, eu e ela, tratamos as nossas conversas de forma calorosa, o que não significa ausência de tentativas, pois houve, e de ambas as partes, todas frustradas - seria por "vibrarmos" em sintonias diferentes? Eram sempre conversas de conhecidos, havia um muro a destruir para nos metamorfosearmos em amigos de verdade. E na volta não foi diferente, apesar de termos nos falado muito mais soltos e espontâneos. Era perceptível a qualquer um a nossa carência sexual pelo modo como observamos os amigos que haviam conquistado os seus romances relâmpagos no decorrer do dia.

Antes de continuar é preciso dizer que tenho um amigo apaixonado por ela e que isso vinha a minha cabeça de vez em quando e me fazia refletir algumas vezes ao invés de conversar. Ficava viajando nisso.

Ah, como em certos momentos eu quis desistir da amizade do apaixonado amigo só para tela em meus braços um único momento, nada mais. Era carnaval! Mas eu tenho medo, sei que sou bobo e que me apaixonaria por um beijo dela só para sofrer em poesia, pois eu adoro isso! Pensando um pouco, isso deve ser um trauma do primeiro beijo, me faz pensar que acontecerá igual nos dias de hoje, que fantasiarei um namoro simplesmente por ter sido beijado, que eu vou querer amar só por ter lábios aos meus. Pensar assim é acreditar que eu tenha a mesma cabeça do terceiro mês dos meus 16 anos. E eu não tenho mais.

Ah, sim! Também é bom dizer que ela o tipo de pessoa misteriosa. Nunca se sabe o que ela está pensando, pensa ou pensará a respeito de algo. Leitoras, se alguma revista tititi trouxer o conselho "seja misteriosas para conquista-lo", rejeitem a idéia. A não ser que vocês estejam buscando um caçador de mistérios, porque, se estiverem com o alvo já escolhido ele pode simplesmente detestar a idéia, sendo assim uma pessoa muito parecida comigo nesse aspecto.

Acredito que tenha passado a possibilidade do "ficar", e ainda ouso mais: comigo, no raciocínio feminino Dela. Houve uma hora que fiquei olhando para ela, mas só na hora que voltei os olhos para os olhos-de-gato que iam passando ao lado da vã, na estrada, que Ela retribuiu a olhada, e permaneceu um tempo me observando - segundo a minha visão periférica. Houve outro desencontro quando tive coragem encara-la. Havia um sonífero silêncio que se estabelecera no interior do veículo durante todo esse parágrafo.

Não tenho dúvidas de que houve oportunidades de manejar aquela provocante gostosura para a aplicação de um belo beijo e que ela ao mesmo tempo em que não queria, também queria muito tudo isso. E que houve muita viadeza da minha parte. Mas melhor assim, ainda tenho um bom amigo e não choro por ela ter se mudado para São Paulo, ou seja, continuo no período de estiagem, seca brava. Entretanto não posso dizer que sou "um cara difícil" - sou complicado, isso sim - pois nunca uma menina me deu uma cantada verbal que eu ousasse dispensar. Ops! Nunca ganhei uma cantada verbal. Houveram piscadas de amiguinhas do meu irmão, algumas possibilidades de atitudes não tomadas, inícios de novos assuntos quanto eram para serem iniciados os elogios ou algum arriscado carinho; enfim muitas me acham bichosamente babaca. Porém isso realmente não me importa, sempre esqueço logo esses eventos e para lembrar é preciso desempoeirar a última estante da parte escura e com goteiras da biblioteca da minha memória.

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Ao terminar de ler A Natureza da Mordida

Foi a mesma sensação de parar com o marcador página na mão após acabar um livro. Eu não sabia onde colocar meu sentimento após aquele final....