Capítulo I
Fui à cozinha tentando, no caminho, lembrar o que tínhamos almoçado, mas não consegui. Só quando abri a geladeira que lembrei que foi arroz, feijão, carne-moída e salada de palmito. Com as tigelas já na mesa e porta da geladeira se fechando, salta da Brastemp um caco de casca de ovo que quase atinge o teto e ganha a minha curiosa atenção. A porta se fecha. Como aquilo poderia ter acontecido? Por um instante pensei ter ouvido tambores jumanjianos, mas fora impressão. Abri a geladeira e achei, dentre os muitos ovos, o que não tinha um pedacinho de sua casca e pude ver o seu amarelado interior que logo se escureceu num verde sombrio e repentinamente o ovo explodiu luminosamente me jogando de bunda no chão e costas na parede, batendo a cabeça no caminho.
Com a mão na cabeça doída e a visão voltando a funcionar, pude aos poucos identificar que havia um monstro, verde, enorme na minha frente. Não deu nem tempo de ficar com o cu na mão e o monstro que não conseguia ficar absolutamente ereto, pois a teimosa altura do teto não deixava -- até agora não sei como aquele teto de gesso não se partiu --, encheu seu tórax de ar, mostrando que soltaria um rugido capaz de ensurdecer uma população inteira e fazer minha alma me deixar.
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